A temática deste espetáculo assenta sobre uma proposta filosófica que pretende questionar de uma forma divertida a postura atual da sociedade relativamente a aspetos como o trabalho, a produtividade do indivíduo e a preguiça. Para o desenvolvimento do campo conceptual, a colaboradora Dina Mendonça interveio com uma abordagem destas questões orientadas para um público jovem e adulto, no sentido de abrir outras perspetivas sobre o tema em questão.
É mau, sentir preguiça?
Isso de não fazer nada existe? Quando estás a praticar o nada, o que estás a fazer?
Um ser humano existe sem preguiça?
Quando não nos apetece fazer nada, será porque nos apetece fazer tudo? Ou outra coisa?
O trabalho liberta?
E a preguiça? Prende?
Quando somos crianças, a preguiça acaba quando nos espreguiçamos e só regressa quando estamos exaustos da brincadeira. Quando somos adultos, a preguiça envergonha-se perante o trabalho que se avoluma e ninguém admite que a sente. Quando estamos a meio do caminho, o tempo saboreia-se e o que pode ficar para amanhã, fica suspenso na doçura de um bocejo...
Texto de Dina Mendonça sobre o espetáculo:
Começa com histórias. Tudo começa com histórias...
E, de repente, no meio da partilha entre o cansaço e o descanso, na lenta sugestão de aspetos da preguiça — a medida da vontade, o não querer fazer frente ao movimento contínuo de outros, a adoção do modo da Preguiça—os bailarinos são atacados.
Essa linha direta que se desenha no espaço, desde os seus corpos até ao vórtice, é uma linha de emoções mistas. Quem a vê está suspenso, vive numa ânsia curiosa e medrosa, e tem uma vontade contraditória de os ajudar a fugir e simultaneamente, de os deixar ir. Isso produz uma ligeira tensão na cadeira, mas que se disfarça bem. A preguiça parece simples, mas quando se a olha à lupa, ela revela-se complexa e estranha, ensina-nos algo de incómodo. Revelamo-nos, por um lado, guerreiros destemidos e, por outro, bonecos encaixados. A preguiça mostra que se somos capazes das mais arrojadas loucuras também somos cobardes para as mais recatadas ações.
Ver dois corpos assim a desenhar a preguiça, rompendo o espaço, deixa-nos com uma afinada atenção para ouvir.
É mau, sentir preguiça?
Isso de não fazer nada existe? Quando estás a praticar o nada, o que estás a fazer?
Um ser humano existe sem preguiça?
Quando não nos apetece fazer nada, será porque nos apetece fazer tudo? Ou outra coisa?
O trabalho liberta?
E a preguiça? Prende?
Quando somos crianças, a preguiça acaba quando nos espreguiçamos e só regressa quando estamos exaustos da brincadeira. Quando somos adultos, a preguiça envergonha-se perante o trabalho que se avoluma e ninguém admite que a sente. Quando estamos a meio do caminho, o tempo saboreia-se e o que pode ficar para amanhã, fica suspenso na doçura de um bocejo...
Texto de Dina Mendonça sobre o espetáculo:
Começa com histórias. Tudo começa com histórias...
E, de repente, no meio da partilha entre o cansaço e o descanso, na lenta sugestão de aspetos da preguiça — a medida da vontade, o não querer fazer frente ao movimento contínuo de outros, a adoção do modo da Preguiça—os bailarinos são atacados.
Essa linha direta que se desenha no espaço, desde os seus corpos até ao vórtice, é uma linha de emoções mistas. Quem a vê está suspenso, vive numa ânsia curiosa e medrosa, e tem uma vontade contraditória de os ajudar a fugir e simultaneamente, de os deixar ir. Isso produz uma ligeira tensão na cadeira, mas que se disfarça bem. A preguiça parece simples, mas quando se a olha à lupa, ela revela-se complexa e estranha, ensina-nos algo de incómodo. Revelamo-nos, por um lado, guerreiros destemidos e, por outro, bonecos encaixados. A preguiça mostra que se somos capazes das mais arrojadas loucuras também somos cobardes para as mais recatadas ações.
Ver dois corpos assim a desenhar a preguiça, rompendo o espaço, deixa-nos com uma afinada atenção para ouvir.